Instantes Horizontes

Instantes Horizontes de Guilherme Zawa A fusão branco-azul percebida pela falta da perspectiva usual das cidades e barcos de Instantes Horizontes, título desta exposição, remete a ausência da horizontalidade como metáfora de um ponto capaz de estabelecer padrão, ao contrário, o conjunto das obras em exibição de Guilherme Zawa compõe os vazios por onde se anelam elementos sem precisão. Dentre os trabalhos da exposição, Mergulho, mostra conjunto de copos d’água e nos apresenta uma pista deixada de propósito para a observação de nosso horizonte particular em relação à paisagem e ao nosso corpo dentro da paisagem observada. O copo vislumbra aquilo capaz de conter uma composição pessoal - capacidade de conter e também ilusão de contensão. O azul dos pequenos cascalhos de aquário fixam o horizonte e a imagem, mas o copo é também sobre aquilo que não pôde ser contido. Já outro elemento atravessa todas as obras: o objeto-horizonte que imprime a reação inicial para o desarranjo do tempo e do espaço em nome da perda proposital do paradigma, elementos estes compostos pelo ateliê de Guilherme Zawa. O azul da aquarela líquida diluída em água convoca à um mar de certezas e seguranças, para então revelar uma armadilha para o olhar na ausência de limites entre céu e mar, fundo e superfície. Sem parâmetros podemos então navegar o oceano sem forma e evaporante do tempo marcado pelas pinceladas sobre a fotografia. Ao vagar pela exposição surge então o delineamento pela linha-horizonte aprofundada pelo vazio da brancura do papel em contraste com o azul do oceano-céu. Essa união de todas as obras pelo nível do azul, segundo o próprio autor, permite quem lembremos do parâmetro para então esquecê-lo. O ato fotográfico ganha afeto pela perda do enquadramento, fazendo despontar no horizonte um instante que parece impossível, mas ainda assim é sustentado pelas possibilidade daquilo que vai para além da imagem. No processos das obras a fotografia é logo de início tida como não suficiente, o que convoca então o artista ao ato de subsidiar aquilo que falta como ponte entre as possibilidades e aquilo que não pode ser sabido imediatamente, neste caso, a ação foi traduzida por pinceladas feitas à mão, justapostas ao esvaziado do branco, lembrando que o enquadramento do real não pode se dar de maneira controlada e que é necessário se desfazer do entorno para encontrar o inesperado. A tinta imprecisa do pincel encontra a precisão da fotografia através da água que aqui figura como elemento diluidor. Se um instante pode ser um objeto estético, então imaginar é ato diluído de certezas. Na obra Horizonte Diluído, o instante fotografado tem acrescentado um novo horizonte de azul translúcido. O pigmento agora acrescentado pelo artista enquanto acessório necessário ao aparelho fotográfico, sem o qual não se pode perceber o instante que ser revela para o que está fora do enquadramento. E seu estúdio, no ambiente da pesquisa continua, Guilherme Zawa, se dedica à escrita e a imagem como expansão de indagações psicanalíticas e o acervo de imagens. Escritos servem como matéria prima para o processo e foi revisitando o material da primeira exposição na Galeria Ponto de Fuga, Filling Ocean de 2011, que Zawa retorna em novos questionamentos sobre o fazer fotográfico e a obra imagética enquanto objeto estético conector de experiências pessoais para novos horizontes.

Instantes Horizontes foi exibida na Galeria Ponto de Fuga e na Galeria SOMA em Curitiba-Brasil.